Fazenda
Campos Novos é tombada pelo IPHAN.
O processo de
número 1.492-T-02 que foi iniciado em 2002, mas caiu em esquecimento e só foi
retomado no início de 2009 com a criação do Projeto Refazendo Campos Novos, transformou-se no processo nº
01500.005719/2010-49, que trata o “tombamento
federal do sítio da antiga Fazenda de Santo Inácio de Campos Novos a ser
escrita nos livro do Tombo Histórico, Livro do Tombo de Belas Artes, livro do
Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico.” (Texto diário oficial da
união – nº224 de 23 de novembro de 2011). Com isso, após anos de luta pela
preservação de um dos patrimônios mais importantes da Região da Costa do Sol e
de valor inestimável para história patrimonial fluminense, finalmente a Fazenda
Campos Novos passará a gozar da proteção do Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional – IPHAN.
A luta, iniciada
nos primeiros anos da década de 90 quando o então prefeito José Bonifácio
desapropriou a área de 184 hectares, não teve como motivação principal o pratrimônio
em si, mas a contenção dos conflitos agrários (que já havia resultado no
assassinato do lider sindical Sebastião Lan), a Fazenda era o símbolo da
opressão, exploração do trabalhador rural e da expropriação (por meio de
grilagem) das terras dos descendentes de escravos trazidos para o trabalho nas
terras da fazenda. Na ocasião, a
Secretaria de Agricultura do município foi
transferida para a sede da mesma.
No início do
ano 2000 iniciou-se um projeto de transformar parte das terras da Fazenda em um
aterro sanitário. A Associação de
Turismo Ecológico Integrado à Arqueologia (ATEIA) por meio de seu
presidente Geraldo Monteiro, reagiu ao absurdo e mobilizou a sociedade para um
projeto que visava resgatar a Fazenda como símbolo histórico e cultural. Foi
nesta época, graças a mobilização da ATEIA que a Fazenda foi tombada provisoriamente
pelo Instituto Estadual do Patrimõnio Cultural do Rio de Janeiro – INEPAC.
Nesta época foram muitos os cabofrienses que batalharam pela preservação da Fazenda, entre
eles o então Sub-Secretário de Cultura
Márcio Werneck e sua esposa Penha Leite.
No entanto, devido a falta de recursos municipais e a ausência de visão dos
gestores públicos, o esquecimento foi
questão de tempo. Os anos que se seguiram a Fazenda Campos Novos passou a ser
apenas o lugar onde funcionava a Secretaria de Agricultura.
No primeiro mandato do Prefeito Marquinhos Mendes, foi nomeado para assumir a
Secretaria de Agricultura o ex-vereador e militante (PT) Alfredo Barreto, este
que lutara ao lado de José Bonifácio na desapropriação da Fazenda, iniciou um
trabalho excepcional de aproximação entre a Fazenda e a população rural de Cabo
Frio. Mas foi quando Carlos Alberto Gomes de Carvalho (Carlinhos) assumiu e SECMAA
que o Projeto Refazendo Campos Novos
foi criado. Em principio criou-se um
consórcio com algumas secretarias afins ( Cultura, Educação, Meio Ambiente e
Turismo, além da participação de
representantes do IFF). No mesmo ano foi criado, numa parceria entre o
Ministério de Ciência e Tecnologia, Departamento de Recursos Minerais e a Casa
da Ciência da UFRJ, o Projeto Caminhos
de Darwin, que ajudou a dar mais visibilidade a Fazenda ( Darwin se
hospedou na Fazenda no séc. XIX).
Em 2009 o médico sanitarista Beto Nogueira assumiu a Secretaria de Agricultura e
colocou o tombamento da Fazenda com uma das prioridades na sua gestão,
colocando o historiador Jonatas Carvalho a frente do Projeto Refazendo Campos Novos. A partir daí, pessoas como o professor
Ildeu Moreira do MCT e Fátima Brito da Casa da Ciência (UFRJ), assim como a geóloga
Kátia Mansur da UFRJ passaram a abraçar o projeto. Por outro lado, deve-se muito aos representantes do IPHAN
na região, Manoel Vieira e Ivo Barreto, este último incansável na articulação e
na busca de soluções com departamentos e órgãos do Estado e União.
Em fim o
tombamento federal da Fazenda Campos Novos é uma obra coletiva, cujo resultado
vem coroar a ação dos envolvidos (alguns, que devido ao curto texto não foram mencionados). Este texto é, portanto, um reconhecimento do
trabalho mútuo e da preocupação de cidadãos e cidadãs com o patrimônio material
e imaterial que singulariza nossa Região. Não há dúvida que foi dado um passo fundamental para a
preservação deste belíssimo patrimônio, o tombamento federal, no entanto, não é garantia irrestrita da preservação, é uma etapa e deve ser celebrada com uma grande vitória, em 2012 haverá
muito a se fazer, a luta vai continuar.
Jonatas C. de Carvalho.
Pesquisador da Fazenda Campos Novos.