terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

A Companhia Nacional de Loteamentos e a Fazenda Campos Novos

 Ao longo dos seus mais de trezentos anos de história, as terras da Fazenda Campos Novos passou por anexações de outras áreas, assim como por desmembramentos. No século XIX com os processos de desmembramentos implementados pelo Padre Joaquim Gonçalves Porto, diversas áreas da terras da Fazenda foram vendidas a outros particulares, dentre estes, o ilustre José Gonçalves (traficante de escravos) que comprou a Fazenda da Bahia Formosa (Búzios).
Mas seria no anos de 1955 com a criação da Companhia Nacional de Loteamentos que esses desmembramentos ocorreriam mais agressivamente. Conforme os dados divulgados pela Companhia Agrícola Campos Novos em 1955 a Fazenda era do tamanho de 2 mil alqueires. Um alqueire no Rio de Janeiro correspondia a 48.400m², logo, seria essa medida multiplicada por 2 mil, o que daria quase um milhão de metros quadrados de terra. 
O proprietário da Fazenda na ocasião era o Sr. Antonino Paterno Castello, também conhecido como o Marquês, seu grande problema para seguir com o projeto de lotear suas terras era justamente as moradias de colonos que nelas viviam por anos. Os jornais da época estão cheios de denúncias de despejos ordenadas pelo Marquês. Em um dos casos chegaram a incendiar as casas para não haver riscos dos moradores voltarem após serem expulsos e evidentemente não deixar vestígios de que alguém um dia residiu naquele pedaço de chão.  
As ações em Campos Novos permitiu que a Companhia Nacional de Loteamentos lançasse em novembro de 1955 seu primeiro plano de ação, o projeto colocava à disposição 240 mil lotes de terras na Fazenda Campos Novos. 


Anúncios como esses foram publicados em todos os jornais do país. A imagem acima é do Jornal Última Hora de 28 de novembro de 1955. 
Ainda não foi possível avaliar o resultado da campanha de vendas da CNL, muito menos o resultado das vedas na Fazenda, todavia, sabemos que foi a partir daí que uma forte especulação deu-se na região e nunca mais cessou. 

Jonatas Carvalho 
Historiador e pesquisador bolsista pelo CNPq na Fazenda Campos Novos