José Fernandes, nascido em 05 de Julho de 1946, em Campos Novos. Fala que tem recordações de coisas que não existem mais na fazenda modelo. Reconhece a falta de cuidado por parte dos fazendeiros com a fazenda. Conta que em frente À igreja de Santo Inácio havia uma obra (uma espécie de chafariz), onde tinha várias festas essas festas que aconteciam na fazenda. Este diz que seus pais e avós contavam que a igreja era em homenagem a pelo Santo Inácio.Então, todo o ano tinha uma festa importante.Ele conta que seu Tio saía com uma bandeira e ele com o tambor em toda a região do 2° distrito, anunciando a data da festa e arrecadando donativos para ajudar na festa. A festa durava três dias.
S. José responde que era no meio de Julho de cada ano. As festas daquela época tinham um funcionamento diferente. Separava-se em equipe de pessoas da região para coordenar a festa.
O nome do Tio era Mario Fernandes. Perguntam o que era essa bandeira.Ele responde que a bandeira tinha o retrato do santo e dois meses antes da festa avisava-se sobre a festa e S. José tocava o tambor.Quando chegava nas casas fazia uma saudação. Rodava por toda a região. A divulgação da festa durava semanas, não parava, somente na véspera da festa. Liliane pergunta para que era a festa. Ele reponde que a festa era para Santo Inácio. Matheus pergunta que tipo de música tocava na festa. S. José diz que eram dois instrumentos que seguiam a bandeira: O tambor e sanfona, que na época era chamada de cabeça de gato. E quando se chegava às casas fazia o ritual: pedia-se licença e entravam e então o Tio cantava um ou dois versos, a sanfona e o surdo faziam o acompanhamento e, depois, despedia-se e iam pra outro lugar. Liliane pergunta se S. José lembra do verso.Ele responde que não. Matheus pergunta quem tocava a sanfona. Ele reponde que era o pai ou um dos irmão mais velhos.Matheus pergunta se a sanfona era do pai de S. José. Ele responde que sim. O pai dele era um dos sanfoneiros da Cidade.
S. José conta sobre uma Tia já falecida chamava-se Mereciana, conhecida como Xana. Fala do desinteresse da Globo pela região. Falou que essa Tia já foi entrevistada pela Globo. Fala que ela deveria ter memória de algo importante que aconteceu. A tia foi feitora de escravos na Fazenda campos Novos Ele num sabe a data disso Ela deveria saber as origens dos negros de Campos Novos.
Sr. José diz que a avó por parte de pai, sempre morou na Fazenda. Matheus pergunta se avó contava histórias. O entrevistado responde que ela contava muitos casos. A avó dele era da mesma idade da velha Xana e ambas eram primas. Liliane pergunta se S. José trabalhava na Fazenda. Ele responde que sim, junto com sua família.
S. José conta que onde os pais moravam não podia plantar o que quisesse.
Fala de arrendamento e das dividas. Os fazendeiros cobravam as dividas das famílias negras.
Antonio Castelo era o dono da fazenda, segundo S. José. Tinha 36 famílias nesta época (infância de S. José) Famílias negras, não existiam brancos. Naquela época já havia as influências dos coronéis e as famílias tinham que aceitar as imposições.
S. José descreve que os claros-morenos são derivados dos negros, porque houve a mestiçagem. S. José fala que a origem dessas famílias é africana e reafirma que a Tia era chefe de escravos. S. José afirma a lei dos quilombolas e o não pagamento da terra. Critica o INCRA. S. José afirma que a Princesa Isabel deve ter assinado um outro documento além da Lei áurea que garante terras para os negros.
Estas narrativas fazem parte do documentário:
Jongos, Calangos e Folias. Música Negra, Memória e Poesia é um documentário realizado pela Universidade Federal Fluminense, através do Laboratório de História Oral e Imagem (LABHOI/UFF) e do Núcleo de Pesquisas em História Cultural (NUPEHC/UFF), com o apoio do Edital Petrobras Cultura/2005. O filme coloca em diálogo, através de jongos, calangos e folias de reis, a memória e a história da última geração de africanos, chegada ao Rio de Janeiro na primeira metade do século XIX. Dá especial atenção à poesia presente nestas manifestações que são praticadas ainda hoje, no Rio de Janeiro, por muitos dos descendentes daqueles últimos escravos.
Ficha Técnica
Jongos, Calangos e Folias. Música Negra, memória e poesia. Duração:45min. Com legendas em português. Direção Geral: Hebe Mattos e Martha Abreu; Fotografia: Guilherme Fernández; Edição: Isabel Castro; Som Direto: Helio Leite; Coordenação de Produção: Martha Nóbrega; Coordenação de Pesquisa: Carolina Vianna, Carlos Eduardo Costa, Thiago Campos Pessoa; Pesquisadores: Camila Marques, Camila Mendonça, Edmilson Santos, Eric Brasil, Gilciano Menezes, Liliane Brito, Luana Oliveira, Luciana Leonardo, Matheus Serva Pereira, Rejane Becker; Coordenação de Multimídia: Ana Paula Serrano; Programação Visual: André Castro; Consultores: Ana Lugão Rios, Antonio Carlos Gomes, Mathias Assunção, Mônica Leme, Robert Slanes; Produção Executiva: JLM Prod